
No ar por 63 anos, a Rádio Difusora AM 1030 kHz é mais do que uma simples emissora: é parte da alma de Franca. Do prédio histórico na rua do Comércio ao moderno estúdio na Casa GCN, sua trajetória reflete a evolução da comunicação no interior paulista.
Inaugurada em 10 de junho de 1962, a rádio estreou em grande estilo: missa de inauguração, coquetel e transmissão esportiva direto do Estádio Nhô Chico. Com agem por cinco sedes, do antigo Banco de Crédito Real à atual, no bairro São José, a emissora sempre soube se reinventar, migrando da programação em ondas médias para instalações digitalizadas.
O comunicador Valdes Rodrigues recorda o início da carreira e fala de sua história, que se mistura com a da rádio Difusora. “Já ei dos 50 anos aqui”, conta ele, com o sorriso de quem não contabiliza tempo, mas histórias. “Entrei meio que de brincadeira… Teve um concurso pra novos locutores, eu e o Sidnei Rocha (ex-prefeito de Franca) fomos. Tinha uns cinquenta na fila. Aí o Amaury Destro, que era da direção artística, falou: ‘vou ficar com esses dois meninos’. E foi assim que começou.”
Valdes lembra com clareza desse início, do frio na barriga, dos testes improvisados. “O Sidnei Rocha foi pro lado do jornalismo, eu fui mais pro artístico… Cada um achou seu caminho aqui dentro.” E foi ficando. Mesmo com algumas pausas - chegou a atuar como diretor de turismo da prefeitura -, a rádio sempre o chamou de volta. “Somando tudo, dá mais de cinquenta anos. Mas nem precisa escrever isso, né? Tá legal”, brinca.
Ao longo desse tempo, ele construiu mais do que uma carreira. Criou vínculos profundos com os ouvintes. “Esse carinho das pessoas é o que dá força pra continuar. Tem quem pergunte: ‘Valdes, você não vai parar?’ Mas eu tenho medo de parar. A minha vida inteira foi aqui.”
E é por isso que, mesmo aposentado, ele segue. Todos os dias. “Não é por necessidade. Eu podia parar. Mas eu gosto demais. Eu venho com prazer. Faço porque amo. Eu nunca tirei um mês de férias, no máximo uma semana. E quando vai chegando o final, eu já tô doido pra voltar.”
Entre as lembranças que guarda com mais carinho, está a participação no programa “Cidade contra Cidade”, do Silvio Santos. “O Luizinho Balieiro falou: ‘vai você’. Fomos, ganhamos de Tupã, depois de Americana... quando voltamos, o povo me carregou no ombro até a rádio. A cidade inteira assistiu. Até hoje tem gente que lembra.”
Ele também fala, com brilho nos olhos, das iniciativas que criou inspirado nessa época. “Fiz colégio contra colégio, festival de música… o Clube dos Bagres lotava. Era bonito demais ver o povo participando. E muita gente sendo ajudada com as arrecadações.”
Mas é no dia a dia que ele sente o real valor do Difusora. “Às vezes, encontro alguém na rua, e a pessoa fala que me ouve desde criança… ou que ou isso pro filho, que a mãe já ouvia… Isso a de geração pra geração. É o que me segura aqui.”
“Enquanto me quiserem, eu estou aí. Porque, se eu parar, acho que adoeço”, confessa. “A Difusora é vida.”
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Comentários
1 Comentários
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Podcast 4 dias atrásPessoal, transforme o programa do Valdes como está em podcast. É bom de ouvir. Muita gente mora em outras cidades e pelo mundo afora. Dá para ouvir assíncrono e abre uma porta também de patrocínio além do rádio ao vivo.